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PODE SER TRABALHADA?
OdRisTcOiGpRliAnFaIAr: COMOTexto adaptado de Rosemeire Alves Lourenço
A
a ortografia dos alunos. Isso acontece porque, como tudo na vida, o
assunto passou por extremismos e modismos, ou seja, abandonouse
totalmente um procedimento para adotar outro que surgiu. E o que é mais
grave, tudo como sempre, foi feito sem estudo ou conhecimento necessário
para fazê-lo.
A correção ortográfica, antes da análise do discurso, era trabalhada
drasticamente e de maneira mecânica, pois,entendia-se que pela repetição, tudo
estaria resolvido. Passado este extremismo caiu-se em outro, a não intervenção
durante o processo ensino/aprendizagem. As rédeas foram deixadas soltas e se
por um lado não se corrigia, pelo outro não se ensinava, conseqüentemente não
se aprendia. Não é preciso dizer que nem uma nem a outra estão corretas, e o
resultado foi uma grande safra de semi-analfabetos chegando a 8ª série do Ensino
Fundamental.
Mas se não estava sendo ensinado, como alguém poderia aprender?
Afinal de contas, temos poucos autodidatas e, ainda mais: quando esse
aluno vai aprender? E com quem? Com o namorado(a)? Com o primeiro
emprego?
A melhor maneira de responder questões como estas, é primeiro começar a
compreender o que é ortografia.
Ortografia não é gramática, é uma convenção, algo que foi determinado por
alguém, por um ou outro motivo; no Brasil, a determinação é feita pela Academia
Brasileira de Letras. Para entender melhor, pode-se exemplificar através dos
sinais de trânsito. Convencionou-se que cada cor tivesse um significado para que
todos pudessem se entender.
No caso da Língua Portuguesa a convenção da escrita com determinado
padrão, ou seja, o da língua culta, é fundamental para sua manutenção. Se
não fosse a convenção ortográfica a língua escrita apareceria dentro de um
mesmo país fragmentada pela oralidade de cada região e pelo modo de
pronunciar de cada falante. Por exemplo, a mesma palavra “porta” falada
pelo paulista e pelo carioca têm pronúncias diferentes, logo teriam também,
duas formas diferentes de escrita, de acordo com o regionalismo. Com o
passar do tempo, ninguém se entenderia mais, por isso a necessidade de
convenção.
Tendo em mente que ortografia é convenção, conclui-se que ela deve ser
ensinada e aprendida. Não se deve imaginar que este seja um processo fácil,
exige do professor clareza de que durante todas as suas aulas ele deverá trabalhar
ortografia, fazer o aluno refletir sobre ela em todas as oportunidades, e que não é
responsabilidade apenas do professor de Língua Portuguesa, mas de todos os
componentes curriculares.
Quem desconhece ortografia é discriminado socialmente. Quem não ficaria
inseguro ao tomar um medicamento cuja receita estivesse prescrita com algum
erro? Diante disso, o que é preciso fazer?Logicamente a escola precisa ensinar
e isso deve começar pela eliminação de alguns equívocos como, por exemplo,
achar que o aluno que lê bastante eliminará todas as suas dificuldades ortográficas.
Com certeza terá maior facilidade visto que seu vocabulário básico torna-se mais
amplo.
Outra grande necessidade para se eliminar as dificuldades ortográficas
é não confundir competência textual com erros ortográficos. Às vezes
adotam-se atitudes extremas e, diante das primeiras escritas espontâneas
da criança, fazem-se tantas intervenções que a criança acaba achando
que é incapaz de produzir algo corretamente e acaba desistindo de produzir
textos. Lembre-se, a criança alfabética é capaz de produzir frases
gramaticalmente corretas, mas para produzir com ortografia correta, será
uma longa caminhada.
Regência, crase, entre outros assuntos, podem ser ensinados apenas
uma vez e assimilados facilmente, pois há regras para esses conteúdos.
Quanto à ortografia deve ser ensinada sempre, considerada como um tema
transversal.
O primeiro passo antes de corrigir seu aluno é colocar-se no lugar dele. Comece
por tentar compreender como ele se sente diante de palavras desconhecidas.
Você descobrirá que, para aquelas que existem regras ou é possível fazer alguma
associação, naturalmente não encontrará dificuldade alguma para escrevê-la; no
entanto em algumas delas mesmo que sejam palavras conhecidas ou comuns
você terá dúvidas ao escrevê-la. Que dizer da criança, que ainda não possui um
vocabulário ativo amplo?
Não se preocupe com terminologia: isso somente será importante nos
vestibulares ou nos concursos, o fundamental é saber escrever, tenha em mente
que: “é deplorável e insuportável o aluno ir para o ensino médio com erros
ortográficos” (Rensi,2005).Não adianta justificar-se dizendo que a internet é a
tiverem acesso e domínio da língua na sua funcionalidade social, eles se sairão
bem necessariamente.
tualmente, surgi muitas dúvidas entre os professores sobre como cobrarMogi Mirim (SP):
primeiro ano?
Para vocês, em qual data a criança completa seis anos noTio Hugo (RS):
Para nós, até 28/02 tem que ter completado 6 anos.Rio Grande (RS):
Gostaríamos de saber sua opinião sobre o seguinte caso: a criança estava no pré
nível b e avançou para o 1° ano. Agora querem que ela avance para o 2° ano, pois
percebem que ela já está além da turma. Ela faz sete anos em dezembro de 2008.
A criança pode avançar duas vezes no mesmo ano?Ana Lúcia Guedes Pinto:
provavelmente deve haver um contexto próprio da criança em questão. A priori,
considero complicado ficar trocando uma criança de sala no meio do ano. É
importante que ela tenha uma referência tanto de professora quanto de colegas,
independentemente do seu nível de aprendizagem.
Rio Grande, essa pergunta é muito específica eGruhbas
Agradecemos a participação de todos. Agradecemos principalmente a você, Ana
Lúcia, por estar sempre pronta a esclarecer nossos municípios parceiros.
: Pessoal, infelizmente estamos chegando ao fim de mais um chat.Ana Lúcia Guedes Pinto:
de conversar com professores e com equipes pedagógicas que estão envolvidos
com o ensino no Brasil. Obrigada a todos!
Eu é que agradeço pelo convite e pela possibilidadeAna Lúcia Guedes Pinto
Pedagogia pela Universidade Estadual de Campinas
(1990), especialização em Pós-Graduação em
Psicologia pelo União Nacional de Analistas
Transacionais do Brasil (1992), especialização em
Pesquisa Bibliográfica e Extra Curricular pela Institut
National de Recherche Pédagogique (1999), especialização em Centre des Lettres
et Sciences Humaines pela Université de Provence (1999), mestrado em Educação
pela Universidade Estadual de Campinas (1994) e doutorado em Lingüística
Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (2000). Atualmente é Professora
da Universidade Estadual de Campinas e Membro de corpo editorial da Resgate
(UNICAMP). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino e
Formação de Professores. Atua principalmente nos seguintes temas: práticas
de leitura, leitura e formação de professores, estudos do letramento, letramento
e formação de professores, memória e letramento e narrativas e formação de
professores.
possui graduação emSueli de Oliveira Rocha
Aula de História
é colaboradora dos jornais Bolando Aula, Bolandoe Subsídio.14
P
ÁGINAJornal Bolando Aula Fevereiro de 2009
culpada ou responsável , ela é um instrumento e
deve ser aproveitada. Não se luta com tsunames,
utilize-os como seu aliado. Aproveite as palavras
utilizadas no “bate-papo” por eles, para refletir sobre
a língua culta.
Ensinar ortografia não significa decorar “forma”,
ou o “desenho” das palavras. É preciso ensinar o aluno a escrever de acordo com
a grafia correta, é preciso informá-lo sobre a organização da nossa norma
ortográfica.
No seu ensino estabeleça prioridades que são o ensinar a ler e a escrever,
o que significa também ensinar ortografia. Logicamente, isso exige dose de
conhecimento e bom-senso de como fazer. Dependendo da série que você
leciona, não adianta tentar explicar que se escreve assim porque nossa língua
é de origem latina e que a palavra descende deste ou daquele radical,
logicamente isso traria ainda mais complicação para o aluno.No entanto é
preciso ensinar-lhes que algumas palavras têm sua correspondência letrasom
regulares, basta compreendê-los, mas em outros casos são irregulares
e por sua vez, exigem memorização.
Nas palavras regulares não há rivalização entre letras, ou seja, só existe uma
letra para aquele som. Ex.: P,B,T,D,F,V em palavras como pato, bode.
Nas séries iniciais as crianças podem confundir algumas palavras como,
por exemplo, o caso das palavras, pato e bato. Apesar de a primeira apresentar
o primeiro fonema surdo e a outra o primeiro ser sonoro, ambas são oclusivos.
A criança não confunde na hora da pronúncia; o problema ocorre, muitas
vezes, na hora da escrita, porque na sala de aula não se permite a pronúncia
em voz alta e a criança ao cochichar, quando ainda está levantando hipóteses,
não consegue diferenciá-las; sem um vocabulário ativo confunde na hora de
registrar.
Este fato é importante e preocupante, pois muitas crianças estão sendo
encaminhadas para triagens em consultórios fonoaudiológicos pela falta de
conhecimento em lingüística por parte dos professores.
Este tipo de dificuldade pode ser resolvido através de cartelas com
pares mínimos, apontando as diferenças de maneira direta com a
criança. Ex.: vaca e faca, com certeza na próxima vez que for escrever
lembrará que não dá para passar manteiga no pão com a vaca e sim
com a faca.
Ainda na lista das palavras regulares, podem-se apontar as regularidades
textuais, ou seja, aquelas que dependem do contexto da palavra para ser definida.
Ex.: R, RR, M, N, NH, E, I; O, V; S; Z; J; C; QU, G, GU.
Pode se citar, ainda, dentro das regulares e que podem ser ensinadas através
de regras, as morfológico-gramaticais onde a grafia correta está atrelada a
substantivos e adjetivos formados por derivação; por exemplo, adjetivos que
indicam lugar de origem terminados em Ês; substantivos derivados de adjetivos;
coletivos terminados em L; adjetivos terminados em ICE; substantivos terminados
com sufixo ÊNCIA, ANCIA, ANÇA.
Outras regularidades na escrita aprecem nas flexões verbais: Ex.:3ª pessoa
do singular do perfeito do indicativo - cantou; 3ª pessoa do plural no futuro,
cantarão; outras formas verbais de todos os tempos verbais escrevem-se com M
no final, cantam; as flexões do imperfeito do subjuntivo terminam com SS,
cantasse; todos os infinitivos terminam com R, embora nem sempre seja
pronunciado em todas as regiões, cantar.
Todas essas regras são possíveis de serem abordadas com os alunos. Se isto
for feito, um bom número de dificuldades estará sendo eliminada.
Reveja pontos referentes à ortografia quantas vezes for necessário,
faça do início de sua aula, uma aulinha de ortografia, lembre-se de que
se você não ensinar quem irá fazê-lo? Não importa como o aluno chegou
até você, terá que dar conta do que ficou para trás. É preferível fazer
ajustes no material do que cumprir função, isso não tem valor algum em
educação.
Quanto aos casos de irregularidades não existem regras que ajudem a
memorizar a grafia; às vezes algumas explicações para palavras irregulares
podem tornar-se mais complicadas, por exemplo: alguns autores explicam
a diferença na escrita para mesmo som das palavras c/ss ou do g/j,
justificando que jiló se escreve com j e não com g por ser palavra de origem
indígena. Por acaso algum aluno conhece tupi-guarani ou outro dialeto
indígena?
Nestes casos o melhor mesmo é ajudá-los a memorizar a grafia correta
recorrendo a listagens. Infelizmente o vocabulário tem ficado esquecido nas
Rosemeire Alves Lourenço
Universidade do Sagrado Coração de Bauru -SP, Especialista em Educação
Escolar pela FECAP/ Integrale e Coordenadora da Educação Infantil do Colégio
Fênix - Bauru - SP.é Graduada em Letras - Português na